A ação é o antídoto da depressão!

Quando nos deixamos ir com a inércia, acontece uma estagnação à nossa volta. Num movimento lento, subtil, que não nos damos conta a não ser quando paramos e observamos o nosso comportamento, queremos estar sentados no sofá, ler dá muito trabalho, telefonar a uma amiga dá preguiça. Sentamo-nos e fingimos que vemos televisão e entramos num modo hipnótico que nos impede de pensar, observar, sentir. Tudo parece ficar amorfo.
Temos alguns momentos de frustração, gostaríamos de estar a fazer alguma coisa diferente, no entanto parece que não temos qualquer força anímica para fazer agir. Interiormente irritamo-nos connosco. Não expressamos essa raiva que aos pouco vai tomando conta de nós e quando damos por ela estamos com uma depressão.

Depressão? Pergunta-se o leitor.
Sim, depressão!
Depressão não é mais do que raiva acumulada, à espera de ser expressa de alguma forma. Na minha visão, toda e qualquer raiva, exige uma ação.
Não é à toa que quando estamos irritados damos pontapés, murros, berramos, andamos, corremos. Esta ações são impensadas, não preparadas e muitas vezes quando se expressam deixam sequelas devastadoras. É o caso, por exemplo, quando chegamos a casa irritados com um alguém, um colega, chefe, um amigo ou mesmo com nós próprios. Um dos nossos filhos, o nosso companheiro ou companheira diz algo inocente e leva com dois berros sem saber porquê.

Escusado será dizer que o caldo está entornado! Ficámos agora com sérios problemas. Principalmente se quem recebeu o berro, levar a peito e for incapaz de distinguir e perceber que o berro se destinava não a ele, mas a outro. Mas será que tem de ser sempre assim? Não, não tem de ser sempre assim. Imagine que o nosso corpo físico é uma barragem, um reservatório de emoções, água.

Na barragem, normalmente a albufeira é rodeada de terrenos íngremes que descarregam nela as águas da chuva. No nosso caso, são os desafios do dia-a-dia que ativam as emoções e, ao não serem expressas, vão ficando acumuladas em várias zonas do corpo.
As barragens têm todas elas um ponto, vulgarmente chamado “ponto ladrão” por onde a água, quando atinge determinado nível é escoada impedindo que suba acima do barramento e a destrua totalmente.
No ser humano, como resistimos a lidar com as emoções, na maioria das vezes não criamos o “ponto ladrão” e por consequência quando elas sobem acima do barramento há toda uma devastação nossa e á nossa roda, muitas vezes impossibilitando qualquer hipótese de reconstrução.
Como podemos então aprender a criar um “ponto ladrão”?

É mais fácil do que julga. Simplesmente, necessita de deixar ir o medo de sentir as emoções e libertar-se do conceito mental e social de que não é bonito expressar a raiva, não é bonito fazer birras ou que é preciso esconder o medo (não deixes que o outro se aperceba que estás com receio, senão, algo mau te vai acontecer).
Não é isto que nos ensinam desde pequenos? Qual é o problema de se sentar só no carro e berrar? Ou de ter um caderno onde descarregue toda a irritação? Pode também correr, saltar, jogar. Pode pegar numa almofada e bater, pode pintar, esculpir. Estas são boas soluções para libertar a raiva.
Se for medo que o assola, aprenda a escutar com o filtro do coração a mensagem que o medo tem para si. Repare, estou a mencionar o filtro do coração e não da mente.
A mente, mente! Sabe disso, não sabe?
É importante aprender a escutar as emoções.

Reclame um tempo para si, para gerir as suas emoções. Leve mais tempo entre o trabalho e casa dando espaço para cortar com as questões de trabalho ou no caso de estar em teletrabalho, saia de casa por 15 minutos, areje e só depois inicie as tarefas domésticas. São 15 minutos que lhe vão saber a ouro! Renovam, revitalizam e dão-lhe energia para seguir em frente.
Emoção é energia em movimento. Energia é informação. Ao aprendermos a escutar a mensagem que as emoções têm para nós, agimos de forma tranquila e segura.
Aprender a escutar a mensagem das emoções liberta-nos para um novo patamar.

A necessidade de controlar vai desaparecendo e aos poucos ficamos mais seguros e confiantes, aprendemos a colocar limites, a expressar as nossas necessidades em vez de esperarmos que o outro entenda o que se passa no nosso interior. Ficamos livres para nos expressarmos com naturalidade e simplicidade.
Uso a meditação para fazer o encontro com as emoções. Seja para mim ou para quem me procura. É um meio seguro, interno e gentil de as escutar.
Tenho verificado que à medida que escutamos as emoções elas deixam de berrar para falarem mais baixo. São como as pessoas, quando não nos escutam, berramos, não é? Pois elas fazem o mesmo….
Estamos, então, livres para agir sem medos e em harmonia com a nossa autenticidade!